Dia do Orgulho Autista: Conheça a história do produtor cultural Heitor Werneck

Pouca gente sabe que por trás da maior Parada do Orgulho LGBT do mundo, que acontece em São Paulo, há pessoas com deficiência na organização, especialmente no que diz respeito à direção artística de todo o evento. Heitor Werneck há sete anos é contratado pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) para criar, desenvolver e coordenar junto com seus membros toda a parte artística do evento.

São pelo menos seis meses de preparação, com dezenas de reuniões diárias, muitas vezes fora do horário comercial, envolvendo ao todo mais de 200 pessoas, entre artistas, patrocinadores e representantes do poder público para arquitetar e realizar esse grande acontecimento.

A Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo em 2024 contou com 16 trios, além de um palco inclusivo na Feira da  Diversidade que aconteceu antes da Parada com mais de 100 atrações. Pelo menos 70 mil pessoas participaram do evento no último dia 02 na Paulista.

Vivendo no espectro

Estilista e produtor cultural, criador e realizador do Projeto Luxúria, a primeira festa fetichista do Brasil que acontece desde 2007, mensalmente em São Paulo, Heitor Werneck descobriu há dois anos que é autista.

Para ele, depois do diagnóstico ficou claro como conseguia fazer tantas coisas interessantes ao mesmo tempo, bem como as muitas reações emocionais e físicas atípicas que ele sentia antes, durante e após os eventos que realizava.

Choro, catatonia, insônia, ansiedade e muitas vezes explosões fora do controle até então eram considerados por parte das outras pessoas que convivem com Heitor como característica de uma personalidade forte, excêntrica, admirada por uns, odiada por outros e incompreensível pela grande maioria.

Ativista, Heitor sempre promoveu ações em prol da população trans em situação de rua e também está envolvido envolvido em campanhas pela prevenção à ISTs. Depois que soube que é autista, começou a se envolver com a conscientização sobre o TEA, indo muito além da propagação das informações básicas sobre o tema, estudando e divulgando formas de como os autistas e neurotípicos podem conviver em harmonia.

“A necessidade de se falar do autismo é tão grande tanto para a sociedade quanto para os próprios autistas. A percepção da estrutura do corpo autista numa sociedade neurotípica é muito necessária tanto para o autista se entender e se sentir incluído, quanto para os neurotípicos entenderem e incluírem os autistas”, explica.

Essa iniciativa ele também levou para a Parada do Orgulho LGBT+ ao criar junto com o diretor cultural Diego de Oliveira que é TDAH, o palco mais inclusivo na história do evento com a participação de artistas com deficiência, neurodivergentes e idosos, dando maior visibilidade às pessoas que nem sempre tem espaço dentro da própria comunidade LGBT por causa do preconceito.

Para o público, Heitor também providenciou maior acessibilidade, contando com a estrutura do Memorial da América Latina que abriga esse palco dentro da Feira da Diversidade que antecede à parada, além de disponibilizar audiodescrição para pessoas com deficiência visual e tradução em libras para pessoas com deficiência auditiva. Os neurodivergentes contaram com um espaço reservado com maior conforto acústico e longe da multidão.

Já na Parada do Orgulho LGBT+, a acessibilidade do evento contou com a parceria entre SMPED, APOLGBT-SP e Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). E teve como Abre-Alas um grupo de 150 pessoas com deficiência, inclusive com crianças e adolescentes trans, que abriram o desfile dos trios junto com Edson Cordeiro cantando o Hino Nacional, atraindo também a visibilidade para a inclusão da diversidade desde essa fase da vida.

Além da participação na abertura, as pessoas com deficiência também puderam assistir ao evento em uma área reservada, localizada na Av. Paulista 1842, que disponibilizou intérpretes de Libras e equipes de apoio.

A inclusão também foi a inspiração para três anjos criados por Heitor Werneck para unir a sustentabilidade, o respeito ao próximo e o autocuidado. Representados por três atores pornôs como destaque com figurinos de Antara Gold, o diretor artístico também quis salientar a importância e o respeito pelos artistas e profissionais do sexo, tendo como o Anjo da Sustentabilidade Daniel Toro, o Anjo do Respeito ao Próximo por Lucas Trivillato e o Anjo da Conscientização do HIV pelo Avatar que desfilaram em trios diferentes ao longo da Parada.

Heitor conta que a preocupação com o meio ambiente, também se estendeu a todo o percurso da parada com coletores de lixo destinados para a reciclagem.

Uma grande inovação da Parada do Orgulho LGBT+ desse ano foi a seleção dos artistas, Heitor explica “a Parada sempre teve pessoas famosas nos carros, esse ano colocamos muitos DJ’s novos, dando mais espaço para pessoas de periferia, corpos negros, pessoas com deficiência, artistas autistas, trans, lésbicas e gays cantando nos carros. Colocamos um time de homens vestidos de Cheers Leaders, uma coisa tipicamente americana com as bandeiras do Brasil , à frente da parada.”

O artista posyou um vídeo sobre concscientização sobre TEA na data d ehoje:

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